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Bem-vindo ao mundo virtual

Mesa discute a blogosfera policial no Brasil


Por Paula Bezerra (3º ano/Mackenzie)

Foto: Lina Ibañes (publicitária)

A era digital proporcionou à população uma nova forma de ver e ser visto, a partir do crescimento e popularização das redes sociais como blogs, twitter e sites de relacionamento. Agora, pessoas que não conseguiam se impor e expressar opiniões, conseguem publicá-las em sites pessoais. Tal mudança afetou, também a imprensa e a forma de se fazer o jornalismo como um todo. Esse foi um dos temas debatidos por Fábio Gusmão, editor do “Jornal Extra”, Jorge Antônio Barros, editor adjunto do jornal “O Globo” e Anabela Paiva, assessora de comunicação da Prefeitura do Rio de Janeiro na palestra A blogosfera policial no Brasil: do tiro ao Twitter, no segundo dia do Congresso da Abraji.

Convidada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESec) para analisar a cobertura midiática em temas ligados a violência e segurança pública, a jornalista Anabela Paiva, conta que a maior descoberta foi a importância dos blogs em assuntos como esse. E não apenas os ligados a jornalistas, mas aos próprios policiais. Devido à hierarquia da profissão e importância social, muitos policiais não conseguem expressar o que sentem, veem e até mesmo se defender contra os ataques da mídia ou da sociedade. “Eles montaram o blog para mostrar o que é, de fato, ser policial, fazer denúncias sobre temas censurados, demonstrar os aspectos positivos da profissão e demonstrar o orgulho de ser policial”, afirma Paiva.

De acordo com a pesquisa realizada pela jornalista, juntamente com a coordenadora do CESec, Silvia Ramos, atualmente são encontrados cerca de 200 a 250 blogs de policiais. “Ocorreu um crescimento considerado acelerado na construção dos blogs. Em 2009 havia 70 blogs, atualmente esse número chega até 250, e a aceitação entre os próprios policiais é muito boa”, comenta.

Algumas vezes, eles servem como fonte oficial para determinadas pautas. Um exemplo disso ocorreu com a mobilização dos bombeiros em junho deste ano, no Rio de Janeiro. Os blogs S.O. S Bombeiros e S.O. S Guarda-Vidas foram muito utilizados para esclarecer dúvidas de grandes veículos de comunicação. Todavia, o editor Fábio Gusmão alerta: “é imprescindível checar as fontes, principalmente no mundo virtual”. Para ele, é dever do jornalista se comprometer com a apuração dos fatos, principalmente quando o assunto é policial.

Há três anos atuando como editor no “Jornal Extra”, Gusmão inovou o setor policial com a ideia de reportagem “3g”. A fim de dar visibilidade a casos que talvez não fosse publicado no impresso, seja pela falta de espaço, ou verba, repórteres vão às ruas e produzem vídeos com os próprios celulares; editam em notebooks e enviam o material pronto para a redação via internet 3g. “Nós percebemos o interesse do nosso público em vídeos, damos visibilidade a outros casos e não temos gastos, pois utilizamos materiais já existentes na redação”, diz Gusmão.

Complementando a colocação de Gusmão, Jorge Antônio Barros enfatizou a importância da internet para a evolução do jornalismo investigativo e policial, não só pela facilidade que os blogs proporcionam ao público, mas pela oportunidade do jornalista de se especializar no assunto. “Existe muita informação relacionada à segurança pública, o que, por muitas vezes, é deixado de lado pelos jornalistas por não saberem a relevância do tema. Com os blogs os jornalistas têm a oportunidade de pesquisar mais e apurar os dados para assim, opinar”, afirma.

Jorge Barros foi responsável pela campanha de grande repercussão no Twitter no dia 27 de junho com a hashtag ‘onde está Juan’, um menino desaparecido no Rio de Janeiro após uma ação policial. Barros conclui dizendo que os jornalistas, hoje, foram inseridos em um canal de expressão avançado, e devem utilizá-lo de todas as maneiras possíveis em prol da informação.

A palestra A blogosfera policial no Brasil: do tiro ao Twitter foi realizada das 9h às 10h30 de 1º de julho de 2011, na sede da universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, como parte do 6º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji (www.abraji.org.br). A mesa foi moderada pela jornalista Anabela Paiva (e-mail anabelap@terra.com.br – download da apresentação). Os palestrantes foram:  Fábio Gusmão (e-mail fabiogusmao@globo.com – download da apresentação) e Jorge Antônio Barros (e-mail jorgeantonio.barros@gmail.com – download da apresentação).